domingo, 25 de dezembro de 2022

LXXIV - Purple Pain

 Enlightened Tutor — Howard Lyon Fine Art and Illustration

 "You're gone, gone, gone away, I watched you disappear
All that's left is a ghost of you
Now we're torn, torn, torn apart, there's nothing we can do
Just let me go, we'll meet again soon
Now wait, wait, wait for me, please hang around
I'll see you when I fall asleep"
                                "Little Talks" - Of Monster And Men
 

Fiquei um tempo pensando em como começar esse texto, mas, na realidade, acredito que estava com medo de postar isso por algumas razões... Enfim, o texto a seguir foi escrito quando eu não estava sóbrio (e não tinha sido por conta do álcool, se é que vocês me entendem). Antes de, efetivamente, ir para o texto em si, quero contar a concepção dele.
Ah, antes disso, deixo escrever uma coisa que acredito que seja importante. Eu queria muito polir este texto na realidade, deixá-lo sem, ou com o menor número possível, de redundâncias e erros de português, por exemplo. Mas fiquei com preguiça e acredito que tenha uma beleza assim sem perfeição, o que me lembra uma nova frase que sempre tenho dito, "normalizem a imperfeição".
Enfim, a história de tudo isso deu-se da seguinte forma:
Viajamos para a praia de madrugada e fiquei o dia dormindo, consequentemente de noite, não estava com sono e a gente utilizou, supostamente (pelo jargão jurídico) substâncias ilícitas (ia começar um levantamento do motivo disso e mostrando meu ponto como isso é uma boa desculpa pra prender uma galera, mas foquemo-nos na história). Enfim, resolvemos assistir Midnight Gospel que, pra quem não sabe, é uma série da Netflix que traz assuntos que podem ser considerados complexos em um formato de poadcast "espacial" (não vou me focar em explicar a série, acredito que seja importante todos assistirem) e é uma experiência muito elucidativa e interessante assistir isso alto, foi engraçado (porque no episódio 4 tem uma quebra de ritmo com uma piada completamente sem noção haha) e ao mesmo tempo profundo.
Enfim, o povo foi dormir e eu fiquei pensando em diversas coisas, algumas quis trazer aqui e outras não. De qualquer forma, vi uma oportunidade positiva, andar na praia de noite sozinho. E lá fui eu, fiquei com redemoinhos na cabeça, devo ter andado 10km (da ponta da Praia do Forte até a árvore de natal, e a volta) eu me coloquei esse desafio de andar quando comecei. Porém, no meio fiquei desesperado pra voltar, pois queria muito pegar tudo que havia pensado e escrever efetivamente, mas ao mesmo tempo queria andar, então fiquei voltando várias e várias vezes nos mesmos pontos, com medo de perder algum (muito provavelmente isso ocorreu haha), mas toda a vez que voltava do começo abriam novas ramificações de pensamento, novos pontos importantes que não havia pensado antes, e criei o Monstro abaixo (ia falar Frankenstein, mas todos sabemos que esse é o nome do Dr., não do Monstro).
Esclarecido como escrevi isso, a seguir está o texto produzido por uma mente, supostamente, anormal (PS: Quis colocar os horários):

Brisa 1 - Pré-praia (03/12):
"E se as emoções fossem uma nuvem que todos compartilhamos e então tudo que sentimos é apenas um pedaço que alcançamos e nós funcionamos como máquinas, a emoção pode vir e continuar igual, ou ela pode vir e sofrer um processo e mudar, como quando raiva vira compaixão." - 22h32.
"Assim como a consciência, compartilhada com todos e a que estou usando é apenas o que eu alcanço" - 22h33.

Brisa 2 - Primeiras aspas pré-praia (03/12) e as outras pós-praia (04/12):
"Todo pensando a seguir veio da ideia da mesquinhez, mesquinhez com tudo, inclusive com nossos relacionamentos.
Fiquei pensando que muito se deve a como somos hoje, tanto pelos nossos antepassados, bem como na sociedade em que eles e nós vivemos.
Fiquei pensando sobre com a monogamia é sobre isso. Porque fomos ensinados sobre isso em todos os meios que temos.
Enfim, penso que a ideia de divisão é, em si, uma ideia do comunismo, ou melhor, exatamente o contrário. Vejo que muito do que o comunismo prega é esperando que as pessoas vão ter que abdicar de sua mesquinhez e de sua ganância. Pro comunismo é uma condicional isso, uma condicional acreditar que, no fim, o ser humano vai seguir o que acreditamos que sejam boas virtudes, ou seja, enxerga o bom em nós.
Vejo que o capitalismo é justamente o contrário, quanto mais você tiver melhor e se os outros não tiverem, problema deles. O capitalismo exclui o lado humano das pessoas. É curioso que não enxergamos isso como uma boa virtude, mas é em cima dele que somos educados, mesquinhez e ganância. Ou seja, o capitalismo é enxergar o ruim nas pessoas.
Me pergunto se isso é necessariamente uma coisa que seja realista ou apenas especulativa.
Digo isso porque, não sei até que ponto o ser-humano é mesquinho e ganancioso em sua essência, ou até que ponto não e apenas a sociedade cria e alimenta isso. Digo que tenho essa dúvida pois já foram feitos estudos em que macacos mentem também e seguindo o mesmo preceito, mesquinhez e/ou ganância...
Posso ser mais profundo e pensar em Skinner e comportamento. O quanto nós não somos aqueles que ficam apertando milhares de botões constantemente e desesperadamente buscando aquela microdose de dopamina.
E até que ponto manipulam isso pra ganharem algo. Atualmente são as empresas criando necessidades superficiais e/ou virtuais e sando-as e esperando criar a próxima." - 23h57.
"Fiquei pensando sobre a definição do que faz eu ser eu e você ser você. Acho que a gente sente que o que nos define são nossas marcas, sejam elas físicas como cicatrizes ou o crescimento, como também psicológicas, como coisas que vivemos, coisas que vimos e sentimos e coisas do que nós lembramos. É curioso que eu sou o que eu me lembro, vejo e sinto e eu pressuponho que você é assim porque eu me lembro de coisas que aconteceram quando estávamos juntos, portanto você é igual a mim.
Fico pensando sobre como parece que a gente tem a necessidade de prespassar o que a gente entendeu que é a gente, o que quero dizer é que a gente tem a necessidade de querer pertencer a algo maior, como se a gente buscasse algo pra dar propósito, pra que a gente não sinta que tudo isso foi inútil.
Se cada vida é um fio que faz um bordado, cada nó seria uma experiência trocada com alguém. E é isso que a gente entende como propósito, deixar essas marcas, esses nós nas vidas das pessoas.
Muitos tentam prespassar isso em outra perspectiva, dizendo que pertencemos a uma entidade maior, muitas vezes que já sabe tudo desse bordado, muitas vezes até personificada.
Isso me leva a pensar sobre como os monges tentam prespassar esse entendimento mundano de inutilismo isolado para pertence a algo maior. Vejo a meditação como algo que faz abstração. É a mente querendo dissuadir que não há corpo, isso é apenas uma abstração. E fico pensando que essa vontade de sair e ser algo maior, não é apenas a mesquinhez da vida de novo, ou melhor de algo que faça com que se sinta bem, pra ter endorfina e voltar a- 01 procurar mais pre vida." - 01h05.
"É curioso que, pra mim, isso é a vontade de não se limitar ao entendimento de que os seres vivos são amaldiçoados com um milagre, que é a compreensão que a vida é finita. Acredito que a racionalidade do ser-humano em entender que tudo que a vida é, é sofrimento com um apunhado de endorfina no meio do caminho. É a sina que a gente não escolheu, mas que a temos. A sina da racionalização da mesquinhez da vida e da ambição de mantê-la o máximo possível." - 01h09.
"E que nada que você fizer ou deixar de fazer, no fim vai realmente fazer alguma diferença pra tudo.
Acho que pra vida ter tanto sofrimento, deve realmente ter alguma espécie ou divindade que se alimenta disso ou que se ambrosia com isso, porque as coisas não são justas e é tudo focado no ciclo de nascer, crescer, reproduzir e morrer. Ou seja, o plano é continuar a sina pra outros." - 01h11.
"Isso tudo volta aos meus questionamentos sobre fugir de sentimentos negativos como tristeza e solidão, fugir de que não pertencemos a algo maior, só estamos fugindo da dor e procurando, desesperadamente, essas pequenas endorfinas." - 01h13.
"Inclusive eu aqui e agora estou fazendo isso, tentando dar sentido pra tudo que estou pensando.
Esse amontoado de lembrar, ver e sentir que considero que sou eu, se deixar de existir não terá impacto pra nada, pode ser que pra quem esteja mais perto, mas no fim, mesmo eles não tem sentido no todo." - 01h14.
"Isso é bem ruim, a algum tempo não tenho um pensamento tão consolidado sobre suicídio, de novo.
O que me faz apenas não querer isso é que mesmo sendo inútil, ainda assim estou aqui e estou sentindo isso. Apesar de estar com dor ela, ainda, acaba sendo menor do que a dor somada das pessoas que estão próximas a mim. A partir do momento que achar que isso não é verdade, bem...enfim." - 01h16.
"Isso me fez pensar também na questão de propósito...
Sempre achei que meu propósito era apoiar quem eu amo, deixar essas pessoas felizes, bem como eu mesmo.
Mas sinto que falho e isso me machuca muito...
E penso que se parar agora, talvez seja menos pior..." - 01h18.

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